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This Is Me in a Nuttshell

... que é como quem diz, esta aqui sou eu. Rodeada de livros, com música nos ouvidos, com cinema ou séries no ecrã da TV ou Youtube no computador. Não é difícil me fazer feliz. Bem vindos :)

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A Catedral do Mar

Fevereiro 28, 2017

falcones.jpg

 

Autor: Ildefonso Falcones

 

Editora: Bertrand (11x17)

 

Ano: 2010

 

 

 


 " - A nossa será toda ao contrário; não será tão longa, nem tão alta, mas será muito larga, para que caibam todos os catalães, juntos diante da Virgem. Um dia, quando estiver acabada, poderás comprovar isso: o espaço será comum para todos os fiéis, não haverá distinções e como única decoração... a luz, a luz do Mediterrâneo. Nós não precisamos de outra decoração: só do espaço e da luz que entrará por ali (...). - Esta igreja será para o povo, não para maior glória de algum príncipe." (pág. 276/7)

 

No momento em que Barcelona procurava um novo templo, Berenguer de Montagut decidiu mudar o paradigma dessas grandes construções. Abandonou as grandes construções, as decorações ricamente trabalhadas, as expressões de riqueza e grandiosidade. Aquele templo iria marcar a diferença pelo estilo mas pelo modo como foi edificado. Desde o início que a sua construção foi muito assente na ajuda popular. Os bastaixos, simples carregadores do porto, traziam às costas desde a Pedreira Real as pedras para a estrutura. Todas as classes de trabalhadores tinham a sua participação em alguma fase da construção.

 

A tudo isto assistiu Arnau Estanyol. O pai, Bernat, e ele fugiram da sua pequena aldeia dominada pelo senhor de Navarcles, Llorenç de Bellera, numa Catalunha ainda vergada aos maus costumes medievais. O senhor tinha direito a deitar-se com a nova esposa do seu servo no dia do casamento. Tinha o direito de exigir que os servos trabalhassem sem remuneração nas suas terras. Tinha o direito de obrigar a esposa de um dos seus servos a amamentar os seus filhos. Ao saber que se ficassem em Barcelona sem serem denunciados durante 1 ano e 1 dia estaria livres, Bernat e Arnau contaram com a ajuda de Grau Puig, seu cunhado, um conhecido ceramista da cidade. Arnau cresceu e acompanhou a construção da casa da Virgem de la Mar, da sua mãe. Deu água aos bastaixos, carregou pedras tornando-se um deles, tornou-se cambista e financiou a construção.

 

Enquanto a catedral se erguia, a vida em Barcelona corria ora calma, ora tumultuosa. Convocavam-se hosts, declaravam-se guerras, cresciam e abafavam-se rebeliões, morria-se de fome e de peste negra. Tudo isto numa época obscura de fanatismo religioso e mentes fechadas.

 

É um lado da História que ninguém pode ignorar. Todo o ódio de cristãos para com os judeus. Todo o fanatismo criado pela Inquisição. Todas as atrocidades que os donos de terras cometiam com quem os servia. Todos os tratados que reduziam as mulheres a seres fracos e facilmente corruptíveis.

 


"- Em segundo lugar, porque as mulheres, por natureza, por criação, têm pouco senso comum e, em consequência disso, não existe freio para a sua malícia natural." (pág. 290)

 

E por fim, todas as descrições que nos arrepiam a alma. Os relatos de fome provocado pelos maus anos agrícolas, a mortandade provocada pela peste negra, o ecoar de um Via fora! e os repicar nos sinos por toda a cidade. Mas principalmente o relato do trabalho dos bastaixos, os mais privilegiados na organização da Catedral, os zeladores da capela mais importante do templo, homens que levavam às costas pedras com o dobro do seu tamanho com um sorriso na cara.

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