Dia Mundial da Poesia
Março 21, 2017
Poesia, para muitos o primo esquecido da literatura. Da efeméride sabe-se que foi criada em Novembro de 99 numa conferência da UNESCO no sentido de preservar o género. Ensinar, ler, publicar, divulgar e promover as palavras melódicas e suaves de um poema de amor ou a angústia e dor de um poema desiludido.
Fiquei com o gosto pela poesia nas aulas de Português do Secundário. Não porque os professores me incentivassem a lê-la mas porque era o meu único escape às aulas entediantes dadas por professores de vozes monocórdicas. Enquanto se deambulava pela milésima vez sobre um capítulo de Eça de Queirós, eu ia folheando o manual à procura de algo mais.
Esse algo foi Sophia de Mello Breyner, Flobela Espanca, António Nobre, Eugénio de Andrade, Vinicius de Moraes, Cesário Verde, António Gedeão.
Para celebrar este dia com toda a atenção que a efeméride merece, esta semana vai haver um momento extra de poesia. Deixo-vos com mais um escritor proveniente de uma terra de poetas. Um conterrâneo, um amigo.
Um Cheiro de Camélia
Camélia solta ao vento,
de pétalas firmes em teu alento,
não caias longe do meu coração,
que ao perder-te,
viveria em vão.
Mas se caíres,
que caias no lago da minha paixão,
onde o baile daquela noite,
me fez transportar,
o doce ardor de te amar.
Ai camélia solta,
não caias, não te afogues,
na poça aflita do meu amor,
porque eu já nem sei,
nem sei o que te dizer.
A ti camélia que voas sem me ver.
Mas espera...
que mãos são essas que te agarram?
Com que delícias te despojas?
E em que dedos?
Oh, mas eis que o luar de novo te incendeia,
e vejo por fim, nas pétalas que tinhas,
que as mãos,
as mãos que te enlaçam e torneiam,
são as minhas.
Casimiro Teixeira in "Poemas Por Tudo e Por Nada"